Recentemente ao verificar notificações em minha timeline no Facebook, me deparei com um post de teor crítico à Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, a qual faço parte. Entendo que para muitos Santos dos Últimos Dias, esse tipo de conteúdo é extremamente desencorajado. Na verdade, vivemos em um mundo de crescente dissonância cognitiva, aonde muitas pessoas parecem ser incapazes de tentar ver o mundo pelos olhos de outras pessoas e assim compreendê-las melhor e suas motivações. Como escritor, no entanto, decidi muitos anos atrás ouvir a tudo e a todos e buscar a evidência "de onde quer que ela venha e para onde quer que ela vá" e dessa forma, melhor entender como o mundo nos vê, em que pontos somos julgados injustamente e em que ponto precisamos melhorar.
O texto abaixo em negrito é uma postagem feita pela página @Book_of_Mormon_Stories no Instagram no dia 1 de Maio de 2021. Após cada parágrafo, em itálico, compartilhamos algumas considerações sobre o que foi dito:
"De vez em quando, alguém me pergunta: o que seria necessário para você voltar à igreja? Eu voltaria se a experiência fosse algo que eu esperava, fosse inspirador, interessante, me desse uma visão sobre o que significa ser humano, clareza mental, saúde mental, como abrir minha mente e tirar o máximo proveito deste presente de vida."
Comentário do autor: Tal introdução demonstra com clareza o quão heterogênea ou variada é a gama de experiências que diferentes pessoas possuem ao conhecer e mergulhar no universo Mórmon. Quando penso em algumas das melhores alas que já visitei ou frequentei, tenho dificuldade em entender ao que o autor da postagem está se referindo. Ao visitar outras unidades que se esforçam não tanto para crescer em suas áreas, mas simplesmente existir, a crítica acima ganha um contexto mais amplo. É verdade que nem toda ala, estaca ou reunião na Igreja possui a espiritualidade que gostaríamos. Não raramente já senti ou ouvi membros compartilharem o quanto sentem falta da espiritualidade ou sentimento familiar de alas que no passado frequentaram. Em alguns locais, Sião já está sólida e estabelecida, aulas são instrutivas, discursos bem elaborados e edificantes e o amor parece reinar entre membros. Em outros locais, todos esses itens são um trabalho em progresso.
O texto também demonstra como diferentes pessoas tem diferentes razões para se unir, permanecer ou deixar a Igreja, o que é absolutamente comum. O autor do texto parece estar mais centrado em sua experiência religiosa como comunidade e instrução, do que na teologia do Evangelho de maneira geral. Em outras palavras, se a teologia de uma religião não é verdadeira, faz diferença se sua mensagem semanal é "inspiradora, interessante" e nos trazem "saúde mental"? Para algumas pessoas sim. Outras buscam na religião um melhor entendimento da verdade absoluta, que está por trás de tudo e de todos.
"Em vez disso, minha experiência por décadas foi o oposto disso. Tédio, trabalho enfadonho, obrigação, culpa por não dar o ensino familiar, culpa por não ser perfeito, cultura tóxica de marcadores de virtude, regras tácitas arbitrárias e ridículas de camisas brancas e nada de compras aos domingos. Estúpido e opressor."
Comentário do autor: Eu verdadeiramente sinto muito por pessoas que sentem-se dessa maneira ao ir à Igreja. Quase nada nessa vida é preto e branco, oito ou oitenta, como descrito acima, mas não devemos fechar os olhos para o fato de que podemos melhorar. Algumas pessoas tendem a ver apenas a metade vazia do copo. Outras apenas a metade cheia. A realidade é que embora o Evangelho em sua forma original seja perfeito, a Igreja é formada por homens e aonde há homens, há falhas. O Elder Ucthdorf falou sobre isso quando afirmou:
"Suponho que a Igreja seria perfeita somente se nela só houvesse pessoas perfeitas. Deus é perfeito, e Sua doutrina é pura. Mas ele trabalha por nosso intermédio — Seus filhos imperfeitos — e as pessoas imperfeitas cometem erros."[1]
"A evidência é clara na imagem acima. As pessoas buscam conteúdos que agreguem valor à vida, sejam interessantes, tenham usabilidade prática. As pessoas pagam para ir ao Ted Talks porque eles têm valor real. Os mórmons não conseguem nem mesmo manter seus próprios membros acordados para a conferência geral, muito menos fazer com que os não-membros prestem atenção. Você pensaria que a boca de Deus atrairia a atenção mundial por suas mensagens inspiradoras de Deus para a humanidade, mas em vez disso são os mesmos chavões, exigência de obediência e citações de "profetas" mortos. Vou aproveitar o aprendizado e a inspiração do mundo a qualquer dia sobre os ensinamentos banais e dogmáticos do mormonismo."
Comentário do autor: A postagem, então, compara o número de visualizações de um vídeo de 2014 do Presidente Nelson falando na Conferência Geral, com pouco mais de 6 mil visualizações em 6 anos com um vídeo do TedxTalks entitulado "Minha filosofia para uma vida feliz", com mais de 46 milhões de visualizações. Existem inúmeras razões pelo qual fazer tal comparação é um ato extremamente infantil e tolo. Alguns deles:
1. A importância, veracidade e profundidade de uma mensagem não está atrelada à quantidade de visualizações de um vídeo.
2. A mensagem da conferência geral é acompanhada primariamente por membros da Igreja, enquanto TedxTalks é uma plataforma educativa com público na casa dos bilhões, devido à variedade de tópicos sobre os mais variados campos de estudo.
3. A experiência pessoal de uma parte jamais pode ser utilizada para avaliar o todo. Em outras palavras, algumas pessoas assistem a mensagem do profeta e nada absorve. Outras retiram ensinamentos e significados importantes para sua vida assistindo a mesma mensagem.
4. Sob os parâmetros da crítica acima, creio que nem Jesus escaparia ileso. A mensagem de Jesus atraia multidões, mas também afastava multidões. Possuía inspiração, mas frequentemente puxões de orelha e exigência de obediência. A realidade é que o mundo e a Igreja possuem pessoas em todos os estágios de suas jornadas espirituais. Naturalmente, líderes da Igreja precisam em apenas algumas horas de conferência, abordar os mais variados assuntos que visam nutrir o indivíduo ao passo que ajusta e corrige o progresso da Igreja como instituição.
“É costume culpar a ciência secular e a filosofia anti-religiosa pelo eclipse da religião na sociedade moderna. Seria mais honesto culpar a religião por suas próprias derrotas. A religião declinou não porque foi refutada, mas porque se tornou irrelevante, monótona, opressiva, insípida. Quando a fé é completamente substituída por credo, adoração por disciplina, amor por hábito; quando a crise de hoje é ignorada por causa do esplendor do passado; quando a fé se torna uma herança em vez de uma fonte viva; quando a religião fala apenas em nome da autoridade, e não com a voz da compaixão - sua mensagem perde o sentido.”
-Abraham Joshua Heschel 1955
Comentário do autor: Concordo completamente que a religião nos dias atuais precisa se reinventar para manter aceso o fogo que no passado movia montanhas e mudava vidas. O Evangelho ainda move montanhas e muda vidas. Mas é necessário que o foco não seja perdido. O foco é e sempre foi Jesus Cristo. Nossa mensagem, seja qual for, deve sempre voltar a Ele. Se ela se perde em narrativas e práticas burocráticas, algumas pessoas entrarão e sairão da Igreja sem jamais entender ao que decidiram se unir e o que deixaram para trás quando partiram. As novas gerações não mais tem medo de questionar e não mais possuem sua espiritualidade atrelada à instituições. O mundo em que vivemos está de cabeça para baixo e somente uma auto-avaliação de em que estamos falhando nos ajudará a cumprir o propósito de Deus de levar a efeito a imortalidade, e principalmente, a vida eterna do homem.
Referências:
[1] Venham, Juntem-se a Nós, Elder Utchdorf, Outubro de 2013
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Em um mundo de constante desenvolvimento tecnológico, barreiras antes instransponíveis tem sido superadas e distâncias encurtadas, tornando o acesso à informação do presente e passado uma tarefa relativamente fácil, que normalmente exige apenas o clique de um mouse.
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