PERGUNTA:
RESPOSTA:
O primeiro ponto a mencionar é que a Igreja não possui uma posição oficial sobre o momento em que o espírito entra no corpo ou embrião de um novo bebê. A posição oficial da Igreja sobre aborto é a que consta na lei atual, que permite a prática unicamente quando a gestação é fruto de estupro ou incesto, quando a gestação coloca em risco a vida da mãe e quando um médico competente estabelece que o feto possui defeitos genéticos que não possibilitarão a sobrevivência após o nascimento.[1]
O debate, entretanto, sai da esfera médica e entra na esfera teológica ao tentarmos estabelecer em que momento o feto ou aglomerado de células pode ou deve ser visto como um indivíduo, o que frequentemente é o ponto central de discussões sobre a aplicabilidade do aborto.
Então, aonde se encontra a linha que separa um aglomerado de células de uma vida humana?
Ao tentar traçar essa linha através de características físicas do feto, chegamos a alguns problemas:
1. Com aproximadamente 18 dias de vida o coração do feto começará a bater.
2. Com aproximadamente 6 ou 7 semanas o feto apresenta os primeiros sinais cerebrais.
3. Com aproximandamente 8 semanas o feto se torna sensível ao toque e começa a desenvolver seu sistema respiratório.
Muitos justificam seu apoio ao aborto por acreditarem que um bebê só pode ser considerado uma vida humana quando consegue sobreviver independente de sua conexão física com sua mãe. Os problemas dessa linha de pensamento são muitos. Se traçarmos a linha do valor da vida humana no batimento cardíaco, o que dizer de pessoas que precisam de um marca-passo cardíaco para controlar o funcionamento de seus corações? Se a linha for traçada na existência de atividade e consciência cerebral, o que dizer de pessoas que estão em coma e temporariamente não respondem a estímulos cerebrais? Se traçarmos a linha do valor da vida humana quando o feto sobreviver de maneira independente, o que dizer de pessoas que unicamente podem sobreviver com a ajuda de aparelhos?
Como o advogado e escritor Ben Shapiro afirmou:
"O problema é que toda vez que você traça uma linha além da concepção de uma criança você acaba por traçar uma falsa linha que também pode ser aplicada a adultos, então, ou a vida humana possui valor intrínseco ou não possui."[2]
Dessa forma, é insensato tentar determinar o momento da entrada do espírito no corpo humano através de características físicas do feto e da mesma forma que valorizamos a vida de um adulto com marca passo, em coma ou que sobrevive com a ajuda de aparelhos devido ao valor potencial de suas vidas, tal regra também deve se aplicar a bebês ainda não formados, porque também são vidas humanas em potencial.
Do ponto de vista teológico temos a declaração pessoal de alguns líderes:
"Como podemos negar ou não acreditar em Deus quando não podemos compreender nem mesmo as coisas mais simples ao nosso redor... o que são nossas emoções, quando o espírito entra no corpo e o que acontece com ele quando sai."[3]
"Quando a mãe sente vida entrando em seu bebê, é o espírito entrando no corpo em preparação à existência imortal."[4]
"O corpo humano inicia sua jornada como um pequeno embrião, que se torna um feto, vivificado em um determinado momento pelo espírito... que se desenvolve em uma vida humana."[5]
Tais declarações provém pontos a serem considerados, mas nenhuma é conclusiva. A Igreja ensina também que bebês falecidos durante a gestação podem ser inseridos na árvore genealógica de um indivíduo, o que indica que um embrião ou feto em qualquer estágio de seu desenvolvimento é considerado um indivíduo e filho de Deus de um ponto de vista teológico.
Refrências
[1] Manual de Instruções 2, 21.4.1.
[2] Ben Shapiro Speech at Berkley University
[3] President N. Eldon Tanner, Conference Report, October 1968
[4] Doctrines of Salvation, Vol.2, p.280
[5] The Origin of Man, First Presidency 1909.
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